Sudeste concentra 80% dos casos e especialistas reforçam a importância de medidas preventivas.
O Brasil registrou, de janeiro até a primeira semana de setembro de 2024, 1.015 casos confirmados ou prováveis de mpox, segundo o mais recente informe semanal do Ministério da Saúde. O número já supera os 853 casos contabilizados ao longo de todo o ano passado, evidenciando uma crescente disseminação da doença. Além dos casos confirmados, o país ainda investiga 426 notificações suspeitas, o que mantém as autoridades de saúde em alerta.
A mpox não é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) formalmente, mas pode ser transmitida em contextos de contato sexual. Segundo a Dra. Stefânia Bazanelli Prebianchi, infectologista do Centro de Excelência em Medicina (CEM), de São Paulo, “a transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com as lesões da pele, fluídos corporais ou superfícies contaminadas. Isso pode incluir relações sexuais, mas a transmissão também pode acontecer por contato não sexual, como o compartilhamento de objetos pessoais”.
Esse detalhe é importante porque a mpox tem sido observada em algumas populações onde a proximidade física, inclusive em interações sexuais, favorece a disseminação. “Embora não seja uma IST, o fato de a mpox ser transmitida por contato próximo explica sua relação com situações de intimidade física”, completa a especialista.
Ainda de acordo com Stefânia, “antes de as lesões de pele aparecerem, o indivíduo pode ter sintomas inespecíficos como febre, calafrios, dores no corpo, indisposição, dor de cabeça, dor de garganta. Quando as lesões cutâneas aparecem elas podem se parecer com uma espinha, úlcera em diversas partes do corpo (e não só em áreas de genitais) e após alguns dias/ semanas evoluem para crostas. A transmissão ocorre principalmente por contato próximo e prolongado, e a maioria dos casos não é grave, mas requer atenção devido ao risco de complicações em grupos mais vulneráveis”.
A faixa etária mais afetada continua sendo a de homens entre 18 e 39 anos, que representam mais de 70% dos casos confirmados. No entanto, o Ministério da Saúde alerta que há registros de infecção em crianças de 0 a 4 anos, um fator que aumenta a preocupação das autoridades quanto à vigilância e medidas preventivas em espaços públicos e familiares.
A região Sudeste do país é a mais impactada, com 80,9% dos casos confirmados. Só o estado de São Paulo contabiliza 533 casos, seguido pelo Rio de Janeiro, com 224, e Minas Gerais, com 56. A concentração dos casos nessas áreas reflete, em parte, a maior densidade populacional e a facilidade de disseminação em grandes centros urbanos.
Apesar do aumento expressivo de casos, o Ministério da Saúde afirmou que, até o momento, não houve óbitos pela doença em 2024. “A boa notícia é que o manejo da mpox tem sido eficaz na maioria dos casos, com poucos pacientes necessitando de internação. No entanto, continuamos atentos, principalmente para tomarmos medidas que possam evitar a propagação da doença.”, explica a Dra. Prebianchi.
A especialista também ressalta que a prevenção continua sendo a melhor estratégia para conter o avanço da virose. “Isolar as pessoas com caso confirmado da infecção, evitar o contato com lesões de pele, utilizar proteção como máscaras e luvas em ambientes hospitalares, lavar bem as mãos e, assim que as vacinas estiverem disponíveis, vacinar a população contra a mpox. Além disso, a rápida identificação dos casos é crucial para evitar surtos, e por isso a população deve estar muito bem informada e procurar atendimento precocemente se qualquer sinal ou sintoma da doença”, completa.
Embora ainda não tenha sido detectada no Brasil a nova variante do vírus (1b), identificada na República Democrática do Congo, as autoridades mantêm a vigilância epidemiológica para qualquer mutação que possa impactar a transmissão ou a gravidade da doença.
A comunidade médica e os órgãos de saúde pública seguem mobilizados, e recomenda-se que, ao surgirem sintomas, as pessoas procurem atendimento médico imediato para o diagnóstico e tratamento adequados.
Sobre Stefania Bazanelli Prebianchi
Dra. Stefania Bazanelli Prebianchi atua como infectologista em São Paulo desde 2017, destacando-se na linha de frente durante a pandemia de COVID-19. Atualmente, integra as equipes de Infectologia do CEM (Centro de Excelência em Medicina), do Hospital Samaritano Higienópolis e do Hospital Edmundo Vasconcelos, além de já ter trabalhado no Hospital da Beneficência Portuguesa, Hospital Santa Cruz e Hospital São Paulo. Concluiu residência médica em Infectologia pela UNIFESP, após graduação em Medicina pela PUC de Campinas. É especialista em Infecção Musculoesquelética pela UNIFESP e atualmente é mestranda na mesma universidade.
Sobre o CEM
O Centro de Excelência em Medicina (CEM) de São Paulo é um espaço de atenção integral à saúde, formado por uma equipe multidisciplinar com 15 profissionais de 12 diferentes especialidades, com alto grau de especialização e tecnologias de última geração para atendimento de diversos tipos de casos, dos mais simples aos raros e de alta complexidade. Fundado em 2018 pelos cirurgiões Alessandra dos Santos Silva e Anderson Rodrigo Souza, o CEM acolhe com excelência e conforto pessoas de todas as idades em suas mais diversas particularidades. Algumas das especialidades do CEM são: cirurgia craniofacial, neurocirurgia, cirurgia de coluna, cirurgia plástica, cirurgia vascular, cardiologia, pediatria, endocrinologia, metabologia, infectologia, otorrinolaringologia, dermatologia, psicologia, nutrição e fisioterapia.